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Falsa Ciência | A Corrupção dos Artigos Científicos


  O discurso de que a ciência é imparcial, sem ideologias ou partidarismo é conhecido por todos, mas o problema é que isso não é verdade. "Viva a ciência" alguns dizem, "ciência salva vidas" também dizem. A ciência estuda, analisa, questiona, certo? Não, não é a ciência que faz isso, mas sim os cientistas. E os cientistas, estes têm ideais que podem comprometem a integridade dos estudos que, em tese, deveriam ser científicos? Com toda certeza! Mas e o método científico? Bem, este, que possui sim algumas fendas em sua armadura, pode e muitas vezes é deixado de lado por um fator determinante: o dinheiro.

  Veremos a seguir um trecho do livro Miller's Review of Critical Vaccines Studies, que conta com 400 resumos de artigos científicos abordando temas relacionados à saúde e mais, onde ele aborda pesquisas que relataram falsificações, alterações e parcialidade envolvendo cientistas principalmente da área médica.

Cientistas se comportando mal, por Martinson BC, Anderson MS e de Vries R, publicado na Nature em junho de 2005, mostra os seguinte:

- Os pesquisadores pesquisaram 3.247 cientistas americanos no início e no meio da carreira, financiados pelo National Institutes of Health (NIH), e pediram que relatassem anonimamente seu próprio mau comportamento científico nos três anos anteriores;

- No geral, 33% dos cientistas financiados pelo NIH admitiram que se envolveram em comportamento científico questionável durante os 3 anos anteriores;

- Quase 16% dos cientistas financiados pelo NIH mudaram o design, a metodologia ou os resultados de um estudo devido à pressão de uma fonte de financiamento; 15% eliminaram pontos de dados das análises; 14% usaram projetos de pesquisa inadequados;

- Quase 13% dos cientistas financiados pelo NIH desconsideraram o uso de dados defeituosos por outros ou a interpretação questionável dos dados; 6% não apresentaram dados que contradissessem a própria pesquisa anterior; (Nota minha: caso não tenha entendido a última parte, trata-se da questão de buscar variáveis e pontos relativos. Exemplo: pessoas de determinada região reagiram de maneira diferente ao tratamento A. A inexistência de dados como este pode ser um sinal de favorecimento em prol da comercialização de determinado medicamento.)

- O mau comportamento científico tendia a aumentar à medida que os cientistas tinham mais idade e experiência. As conclusões deste artigo sugerem que um comportamento científico questionável que ocorre regularmente pode representar uma ameaça maior à integridade da pesquisa científica do que uma má conduta de alto perfil, como a fraude;

Quantos cientistas fabricam e falsificam pesquisas? Uma revisão sistemática e metanálise dos dados da pesquisa, por Fanelli D., publicado em maio de 2009 na PloS One, revela que:

- Este estudo analisou 21 pesquisas que perguntaram aos cientistas se eles cometeram ou conhecem um colega que cometeu uma má conduta que distorceu o conhecimento científico, incluindo fabricação ou falsificação de dados;

- Até 5% (uma média de 2%) dos cientistas admitiram que falsificaram, fabricaram ou modificaram dados para melhorar os resultados pelo menos uma vez. Até 34% admitiram ter se envolvido em outras práticas questionáveis;

- Até 33% (uma média de 14%) dos cientistas tinham conhecimento pessoal de colegas que falsificaram os dados da pesquisa. Até 72% conheciam outras práticas de pesquisa questionáveis cometidas por seus colegas;

- Alguns exemplos de práticas de pesquisa questionáveis incluem a eliminação de pontos de dados e a alteração do design, metodologia ou resultados de um estudo devido a pressões de uma fonte de financiamento;

- A má conduta científica pode ser mais extensa em pesquisa clínica, farmacológica e médica do que em outros campos, devido aos grandes interesses financeiros que promovem viés substancial. Em uma pesquisa, 81% dos estagiários de pesquisa nas ciências biomédicas estavam "dispostos a selecionar, omitir ou fabricar dados para ganhar uma concessão ou publicar um artigo";

- Como os auto relatórios normalmente subestimam a verdadeira frequência de má conduta científica, as conclusões deste artigo podem ser moderadas.

É necessário termos em mente que dificilmente saberemos se um artigo publicado num periódico, mesmo que de renome, foi critica e honestamente formulado. Nossa confiança, na prática, acaba ficando nas mãos dos cientistas, e não da ciência. Por isso uma dose de ceticismo é necessária, para que possamos evitar conclusões falsas.

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